01 Mar 2019 18:42
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<h1>Unidos Pela Fé, Eles Procuram A cara-metade Pela Internet O Dia</h1>
<p>Em maio passado fiz quota de uma banca de doutorado pela USP. A tese era sobre isto John Milton, o candidato era Martim Vasques da Cunha e pela altura disse duas coisas que prontamente repito. A primeira era que o autor não tinha apenas escrito uma tese de doutorado em Ética e Filosofia Política. Ele tentava construir uma obra —passo a passo, de agonia em agonia— e a meditação sobre o raciocínio político de John Milton era uma continuação em ligação a um livro anterior a respeito de Thomas More.</p>
<p>É provável que a modernidade, e a era das "ideologias" que ela glorificou, tenha esquecido essa ordem ética fundamental. A linguagem política, no mínimo a começar por Maquiavel, passou a tratar das dificuldades "exteriores" à existência dos homens. Quais os limites da ação governativa? Quais os direitos que assistem aos governados? O que é um regime legal? Como Conquistar Um Homem Ou Mulher Do Signo De Virgem o que fazer com um regime ilegítimo? Maquiavel não foi citado por sorte. O que esse monstruoso pensador fez (e "monstruoso" em muitas dimensões da expressão) não foi somente uma cisão entre a moralidade cristã e a moralidade pagã, como falou Isaiah Berlin.</p>
<p>Maquiavel foi ainda mais remoto —e por aqui Quentin Skinner é mais sagaz do que Berlim: ele operou uma cisão dentro da própria moralidade pagã. Quando o florentino, em "O Príncipe" ou nos "Discursos", faz uma apologia da "virtù" clássica, ele não está a prestar a sua homenagem aos antigos (como Cícero, como por exemplo). Daniel Cravinhos, O Ex De Suzane Richthofen, Sairá Em Lua-de-mel , "virtù" era nesta hora um instrumento para "mantenere lo Stato" —um aparelho que legitimava a violência, a invenção, a dissimulação.</p>
<p>E essa "ordem da alma", que é um esforço pré-político e sem a qual a "res publica" será a todo o momento um regime degenerado? Visto que bem: não há duas sem 3. Depois de Thomas More e John Milton, Martim Vasques da Cunha escreve a respeito do Brasil através de alguns nomes "canônicos" da tua literatura.</p>
<p>É um defeito ler "A Poeira da Glória" (título) como uma "inesperada história da literatura brasileira" (subtítulo). O centro do autor não é a literatura; é, como a toda a hora, as consequências éticas e políticas que a falta de "liberdade interior" nos escritores brasileiros provocou no nação. Isso é perceptível em autores tão intocáveis como Machado de Assis, Oswald e Mário de Andrade - e até em Guimarães Rosa, um gênio da frase que se ficou somente por um "pacto diabólico" com as palavras.</p>
<p>Porém, se desse jeito foi, onde reside o defeito do "esteticismo" exclusivo? Pra Martim Vasques da Cunha, esse "esteticismo" exclusivo tem implicações pessoais, sociais e políticas que resultam do abismo entre a realidade e a fantasia que vários escritores tomaram como realidade. Este "baile de máscaras" começa por embotar o respectivo autor —e são pungentes, a título de exemplo, os textos confessionais de Lima Barreto— o teu "ennui" e o teu sentimento de "covardia". Ou, como Gonzaga de Sá comunica a Machado, haverá maior inferno do que estarmos só condenados a "girar ao redor" de nós próprios —como se fôssemos a besta na jaula do ilustre poema de Rilke?</p>
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<p>Contudo existem também implicações sociais. Por causa de um autor pode subestimar o real com o seu respectivo real. Infelizmente, o primeiro não desaparece com o segundo. Habitar o mundo é habitar os dilemas morais que a cada instante nos assaltam. A pergunta é óbvia: como resolver com tais desafios quando o único "músculo" que temos é estético e não ético? Mulher Conhece Namorado Pela Web E é Vítima De Golpe, Em GO típica do intelectual é o ressentimento: tentar localizar "lá fora" (nos pares, na "comunidade", até em Deus) o que ele foi incapaz de achar "cá dentro". É um livro que nos surpreende, intriga questiona - e várias destas inquietações estão no diálogo mais abaixo com o autor.</p>
<p>Porém uma coisa parece-me evidente: não será mais possível raciocinar as letras no Brasil sem afrontar a robusta e impressionante análise que Martim Vasques da Cunha publica sobre isso. Você interpreta a "intelligentsia" brasileira como dominada pelo esteticismo, desprezando as dimensões éticas e transcendentais da vida. Inexistência explicar o básico: porque porquê há essa preferência pelo esteticismo?</p>
<p>Em vista disso você quer que eu conte a amplo surpresa do livro pros leitores (risos)! Você é capaz de demonstrar um modelo —da literatura brasileira ou universal— em que uma extenso obra literária surge despojada de qualquer propósito moral? Claro que sim —inclusive eu até gosto de diversas delas, entretanto a toda a hora fico com um pé atrás. ]. Na literatura universal, podemos continuar com o simbolismo de Mallarmé, qualquer coisa estonteante em termos estéticos, no entanto que não detém aquela fagulha que ajuda o sujeito a desafiar as ambiguidades da vida.</p>
<p>Tua análise de Machado de Assis é duríssima e a acusação é implacável: Machado era um fingidor, que usava o véu estético para camuflar quem era. Você não acha que é possível contar o mesmo a respeito de Fernando Pessoa? Você deposita uma enorme fé no poder da cultura como promotora das virtudes cardeais.</p>